Eu não tenho medo dos anos e
não penso em velhice. E digo pra você: não pense. Nunca diga estou envelhecendo
ou estou ficando velha. Eu não digo. Eu não digo que estou ouvindo pouco.
É claro que quando preciso de
ajuda, eu digo que preciso.
Procuro sempre ler e estar
atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida.
O melhor roteiro é ler e
praticar o que lê. O bom é produzir sempre e não dormir de dia. Também não diga
pra você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais.
Nunca digo que estou doente,
digo sempre: estou ótima. Eu não digo nunca que estou cansada.
Nada de palavra negativa.
Quanto mais você diz estar
ficando cansada e esquecida, mais esquecida fica. Você vai se convencendo
daquilo e convence os outros. Então silêncio! Sei que tenho muitos anos.
Sei que venho do século
passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha não. Você
acha que eu sou? Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os
dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e
morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os
fortes.
O importante é semear,
produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade. Procuro semear
otimismo e plantar sementes de paz e justiça. Digo o que penso, com esperança.
Penso no que faço com fé. Faço o que devo fazer, com amor.
Eu me esforço para ser cada
dia melhor, pois bondade também se aprende.
Cora Coralina, poeta goiana
que viveu até 95 anos.
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