segunda-feira, 26 de agosto de 2013


Jovens, ternos e sábios anciãos
por Enildes Corrêa - omsaraas@terra.com.br

Parece que esta sociedade não permite o envelhecimento natural de sua gente. Até o artista que envelhece é discriminado, muitas vezes, deixado de lado, como se envelhecer fosse um grave defeito e fizesse diminuir a inteligência e a criatividade dos indivíduos. E ao descobrir a sabedoria e os talentos que o passar dos anos pode dar e revelar, considero um tremendo desperdício e, por que não dizer, um ato de ignorância que o mundo ocidental comete ao desprezar e deixar de lado os mais velhos.

Reconheço e valorizo os anciãos. Tenho a abertura, a disposição e a sede de ouvi-los atentamente, pois é uma das formas de adquirir entendimento da vida. Admiro e sinto um carinho especial pelos que souberam viver com sabedoria e relaxamento. E mesmo os que envelheceram carregando as tensões e o peso do tempo passado nas costas, também servem de exemplo se procurarmos compreender o que os impediu de viver com tranquilidade e harmonia.

Constatei certas características comuns entre as pessoas que conseguiram relaxar, mesmo com todos os problemas que tiveram de enfrentar e lidar.

Aceitam e amam a vida. Mantêm uma confiança inabalável na Existência e em si mesmas. Conservam-se lúcidas mentalmente e muito joviais. Enxergam a realidade como ela é, porém não reclamam, mesmo se sofrem. Apreciam compartilhar sua sabedoria e sua amizade. Adotam a postura de estudante, sempre abertas para aprender, mesmo aos 80 anos ou mais. Evitam julgar os outros. Aprenderam a ouvir e a respeitar a voz do coração. Irradiam paz, tranquilidade e contentamento, o que nos faz sentir um grande bem estar ao lado delas. Vivem de forma simples e comum. Não carregam nenhum desejo de ser diferentes de quem são nem tampouco de serem extraordinárias. Aprenderam a se aceitar do jeito que são; ficaram à vontade com o próprio corpo e com seu ser. Deixaram de brigar consigo mesmas e com a vida - simplesmente são o que são e fluem nisso. E mantêm sempre o bom humor.

É uma pena que no Ocidente, atualmente, os jovens não são ensinados de forma efetiva a respeitarem e a valorizar os mais velhos e a sua orientação. Quantas experiências muitos deles gostariam de partilhar... Mas, sem interesse em ouvi-los, oportunidades de aprendizado são desprezadas e, literalmente, jogadas fora. Lições sobre a arte de viver, que poderiam ajudar a muitos a lidarem melhor com os problemas, sem tanto estresse, desespero, sem tanta loucura...

Agradeço a oportunidade de ter convivido com algumas pessoas que envelheceram em paz, com harmonia e sabedoria, sem nostalgia em relação ao passado nem ansiedade quanto ao futuro, engajadas no presente, em estado de contentamento interior. O passar do tempo foi uma ponte para cruzarem as fronteiras que vão além do corpo, além da mente, o que lhes deu coragem para abrir as asas e voar com total confiança em direção ao infinito.

Namastê!

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