Jovens,
ternos e sábios
anciãos
por
Enildes Corrêa - omsaraas@terra.com.br
Parece que esta sociedade não permite o envelhecimento natural de sua
gente. Até o artista que envelhece é discriminado, muitas vezes, deixado de
lado, como se envelhecer fosse um grave defeito e fizesse diminuir a
inteligência e a criatividade dos indivíduos. E ao descobrir a sabedoria e os
talentos que o passar dos anos pode dar e revelar, considero um tremendo
desperdício e, por que não dizer, um ato de ignorância que o mundo ocidental
comete ao desprezar e deixar de lado os mais velhos.
Reconheço e valorizo os anciãos. Tenho a abertura, a disposição e a
sede de ouvi-los atentamente, pois é uma das formas de adquirir entendimento da
vida. Admiro e sinto um carinho especial pelos que souberam viver com sabedoria
e relaxamento. E mesmo os que envelheceram carregando as tensões e o peso do
tempo passado nas costas, também servem de exemplo se procurarmos compreender o
que os impediu de viver com tranquilidade e harmonia.
Constatei certas características comuns entre as pessoas que
conseguiram relaxar, mesmo com todos os problemas que tiveram de enfrentar e
lidar.
Aceitam e amam a vida. Mantêm uma confiança inabalável na Existência e
em si mesmas. Conservam-se lúcidas mentalmente e muito joviais. Enxergam a
realidade como ela é, porém não reclamam, mesmo se sofrem. Apreciam
compartilhar sua sabedoria e sua amizade. Adotam a postura de estudante, sempre
abertas para aprender, mesmo aos 80 anos ou mais. Evitam julgar os outros.
Aprenderam a ouvir e a respeitar a voz do coração. Irradiam paz, tranquilidade
e contentamento, o que nos faz sentir um grande bem estar ao lado delas. Vivem
de forma simples e comum. Não carregam nenhum desejo de ser diferentes de quem
são nem tampouco de serem extraordinárias. Aprenderam a se aceitar do jeito que
são; ficaram à vontade com o próprio corpo e com seu ser. Deixaram de brigar
consigo mesmas e com a vida - simplesmente são o que são e fluem nisso. E
mantêm sempre o bom humor.
É uma pena que no Ocidente, atualmente, os jovens não são ensinados de
forma efetiva a respeitarem e a valorizar os mais velhos e a sua orientação.
Quantas experiências muitos deles gostariam de partilhar... Mas, sem interesse
em ouvi-los, oportunidades de aprendizado são desprezadas e, literalmente,
jogadas fora. Lições sobre a arte de viver, que poderiam ajudar a muitos a
lidarem melhor com os problemas, sem tanto estresse, desespero, sem tanta
loucura...
Agradeço a oportunidade de ter convivido com algumas pessoas que
envelheceram em paz, com harmonia e sabedoria, sem nostalgia em relação ao
passado nem ansiedade quanto ao futuro, engajadas no presente, em estado de
contentamento interior. O passar do tempo foi uma ponte para cruzarem as
fronteiras que vão além do corpo, além da mente, o que lhes deu coragem para
abrir as asas e voar com total confiança em direção ao infinito.
Namastê!
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