quinta-feira, 30 de junho de 2011

Abraços grátis

Na praça movimentada de um grande centro urbano, por onde circulam milhares de pessoas diariamente, eis que uma pessoa solitária estende um cartaz que diz: Abraços grátis.
Possivelmente já tenhamos visto alguns vídeos que circulam pela Internet, mostrando cenas muito interessantes e emocionantes envolvendo os heróis dos free hugs, dos abraços grátis.
Segundo o site free hugs movement, o registro mais antigo desse tipo de manifestação coletiva aconteceu em 1986, quando o reverendo Kevin Zaborney criou em sua igreja o Dia nacional do abraço, celebrado todo ano, em vinte e um de janeiro.
Posteriormente, a esse movimento aderiram outras instituições como ONGs, hospitais, escolas dos Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Austrália, Alemanha e Rússia.
Em 2001, Jason Hunter deu início ao movimento Abraços grátis, após a morte de sua mãe.
Um dia, que começou em completa tristeza, terminou em grande alegria porque eu percebi que minha mãe tinha feito exatamente o que Deus solicitou dela. – Disse ele sobre o acontecido, no site da sua campanha.
Ela adorava abraçar as pessoas, independente da raça ou sexo, e fazer com que soubessem o quanto eram importantes.
Que mundo maravilhoso poderíamos ter se fôssemos conhecidos como pessoas que têm um sorriso e uma palavra amável para todos.
Jason quis dar continuidade à missão de sua mãe e saiu pelas ruas da praia, ao sul de Miami, com o cartaz escrito Abraços grátis.
O vídeo original do Abraços grátis já tem mais de dez milhões de visualizações.
Cada pessoa que passa, reage de forma diversa. Há os que rejeitam. Mas os que cedem ao convite simpático, saem com um sorriso no rosto.
Há muito mais ali do que o simples ato de abraçar um estranho. Há a doação daquele que se coloca à disposição dos outros para um pequeno gesto de carinho.
Imaginamos que nem todos trazem boas vibrações, energias positivas, em seus abraços, pois cada um vem de uma realidade diferente e, muitas vezes, essa realidade é dura e triste.
Porém, acabam levando um pequeno mimo, um pequeno consolo, uma breve mensagem que diz:
Eu me importo com você.
Há também o processo psicológico de se romper com a barreira do afastamento físico, pois muitos trazem bloqueios nas expressões de carinho mais simples e não aprenderam, sequer, a dar um abraço.
Nas cenas, vemos os mais diferentes tipos de abraços possíveis: de lado, de longe, com medo, quase sem tocar o outro.
É uma verdadeira sessão de psicoterapia, descomprometida, ao ar livre, de onde todos saem melhor.
A frase encontrada no cabeçalho do site oficial do movimento resume tudo: Às vezes, um abraço é tudo o de que precisamos.
Talvez, muitos de nós não nos sintamos à vontade para abraçar estranhos.
Mas, cabe uma reflexão: Será que estamos abraçando os nossos suficientemente? Os mais próximos, os nossos amores?
Será que, por vermos nossos pais, filhos, esposos e amigos, constantemente, não estamos deixando de lado os abraços?
Respondamos, por fim, a esta pergunta: Quantos abraços já demos hoje?

Redação do Momento Espírita inspirado na campanha do  
site: http://www.freehugscampaign.org/
Em 07.06.2011.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Para olhar por outro angulo
Mario Quintana

A mentira é uma verdade que se esqueceu de acontecer. ´
O tempo é um ponto de vista dos relógios.
A modéstia é a vaidade escondida atrás da porta.
Se a casa é para morar, por que a porta da casa se chama porta da rua?
A esperança é um urubu pintado de verde.
O vento assovia de frio.
Um discurso em homenagem nossa é uma verdadeira surra às avessas: fica-se naquele estado horrível e sem palavras com que revidar!
A vida nutre-se da morte, e não a morte da vida, como julgam alguns pessimistas.
A morte é o aperitivo da vida. ...a morte não faz esquecer, mas faz tudo lembrar.
A curva é o caminho mais agradável entre dois pontos.
O que tem de bom numa galinha assada é que ela não cacareja.
Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que nunca acho que escrevi nada à minha altura.
Se eu acredito em Deus?
Mas que valor poderia ter minha resposta, afirmativa ou não?
O que importa é saber se Deus acredita em mim. Rezar é uma falta de fé: Nosso Senhor bem sabe o que está fazendo...
O despertador é um acidente de tráfego do sono.
Desconfio desses turistas que consideram exóticos os países visitados. Ficam de fora, vendo o pitoresco em tudo: nas casas, nas roupas, nos costumes, nas crenças...
E nem desconfiam que a única nota exótica desses indefesos países são precisamente eles!
O problema da solidão não consiste em saber como solucioná-la, mas saber como conservá-la.
O bacteriologista é um astrônomo às avessas: espia pelo outro lado do canudo...
A pantera é uma curva em movimento.
Nem todos podem estar na flor da idade, é claro! Mas cada um está na flor da sua idade.
Nós não perdemos os mortos, os mortos é que nos perdem. A morte é quando a gente pode, afinal, estar deitado de sapatos. Não sabias? As nossas mortes são noticiadas como nascimentos pela imprensa do Outro Mundo.
Os lugares-comuns são cômodos como sapatos velhos. Facilitam a vida, estreitam relações, evitam desconfianças e desentendimentos.
Nunca me senti bem nas salas de estar. Salas de estar... Mas de estar o quê? Não, o provérbio não está bem certo. O raio é que enquanto há esperança, há vida.
Jamais foi encontrado no bolso de um suicida um bilhete de loteria que estivesse para correr no dia seguinte.
A rua é um rio de passos e vozes.
Tenho uma enorme pena dos homens famosos, que por isso mesmo perderam a sua vida íntima e são como esses animais do Zoológico, que fazem tudo à vista do público.
A Matemática é o pensamento sem dor.

domingo, 19 de junho de 2011

TUDO NA VIDA PASSA, MENOS A SUA ESSÊNCIA...
Por que sentimos essa necessidade da busca pelo desconhecido, de técnicas que nos levem a descobrir quem realmente somos?
Por que sentimos essa falta de sossego interno?
É sempre como se algo novo pudesse nos mostrar o caminho de paz interna, de felicidade, de harmonia com todos! Isto é a busca de sua essência, quando conseguimos nos conectar com o Eu Superior e com nosso Eu interno verdadeiro.
Tudo isso passa... sentimos uma tranqüilidade imensa de alma, sentimos que estamos onde deveríamos estar, sentimos que estamos fazendo o que viemos para fazer e, principalmente, que estamos perto das pessoas certas, que são como nós!
Que tem a nossa essência!
Uma tarefa muito importante nossa é trazer nossa essência ao conhecimento de todos, é ser verdadeiro, ser pleno, amar o que é bom e belo.
Fazer algo para agradar os outros nos fere internamente e nos deixa cada vez mais distantes de nossa essência.
Muitas vezes na vida escolhemos caminhos errados, agimos da forma não correta, dizemos coisas que magoam as pessoas que estão próximas a nós, enfrentamos situações desgastantes.
Mas de tudo isso, o mais importante é sempre entender a lição de vida que nos foi colocada por trás destas vivências.
O sofrimento, a falta de amor, a falta de prosperidade financeira não fazem parte da essência humana.
Caso isto esteja presente em nossa vida, temos que encontrar quais os bloqueios energéticos que não nos permitem aprender a lição e sair desta sintonia.
Tudo isso é busca pela sua essência... a necessidade de encontrar a paz e o equilíbrio pessoal é de fato a busca pela sua essência!
Na maioria dos casos que atendo percebo que as pessoas deixam de ser elas mesmas e de estar em contato com sua verdadeira essência por algum fato marcante que chamo de bloqueio e que precisa ser identificado e eliminado por que senão ele permanecerá latente em diversas fases de sua vida, não permitindo que você seja você mesmo!.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Um dos mais belos trajes da alma

O médico conversa descontraído com o enfermeiro e o motorista da ambulância, quando uma senhora elegante chega, e de forma ríspida, pergunta: Vocês sabem onde está o médico do hospital?
Com tranquilidade, o médico responde: Boa tarde, senhora! Em que posso ser útil?
Impaciente, a mulher indaga: Será que o senhor é surdo? Não ouviu que estou procurando pelo médico?
Mantendo-se calmo, contesta ele: Senhora, o médico sou eu. Em que posso ajudá-la?
Como?! O senhor?!?! Com esta roupa?
Ah, senhora! Desculpe-me! Pensei que a senhora estivesse procurando um médico e não uma vestimenta...
Oh! Desculpe, doutor! Boa tarde! É que...vestido assim, o senhor nem parece um médico...
Veja bem as coisas como são...- diz o médico -... As vestes parecem não dizer muitas coisas mesmo... Quando a vi chegando, tão bem vestida, tão elegante, pensei que a senhora fosse sorrir educadamente para todos, e depois daria um simpaticíssimo "Boa tarde!"
Como se vê, as roupas nem sempre dizem muito...
* * *
Um dos mais belos trajes da alma é, certamente, a educação.
Educação que, no exemplo em questão, significa cordialidade, polidez, trato adequado para com as pessoas.
São tantos ainda no mundo que não têm tato algum no tratamento para com os outros!
Sofrem e fazem os outros sofrerem com isso.
Parece que vivem sempre à beira de um ataque de nervos, centrados apenas em si, em suas necessidades urgentes e mais nada.
O mundo gira ao seu redor e para lhes servir. Os outros parecem viver num mundo à parte, menos importante que o seu.
Esses tais modos vêm da infância, claro, em primeiro lugar. Dos exemplos recebidos da família em anos e anos de convivência.
Mas também precisam vir da compreensão do ser humano, entendendo todos como seus irmãos.
Não há escolhidos na face da Terra. Não há aqueles que são mais ou menos importantes. Fomos nós, em nossa pequenez de Espíritos imperfeitos, que criamos essas hierarquias absurdas, onde se chega ao cúmulo de julgar alguém pelas roupas que veste.
Quem planta sorrisos e gentileza recebe alegria e gratidão, e vê muitas portas da vida se abrindo naturalmente, através da força estupenda da bondade.
O bem é muito mais forte que o mal.
O bem responde com muito mais rapidez e segurança às tantas e tantas questões que a existência nos apresenta, na forma de desafios.
Ser gentil, ser cordial é receber a vida e as pessoas de braços abertos, sem medo de agir no bem.
Ser bem educado é contribuir com a semeadura do amor na face da Terra, substituindo, gradualmente, tantas ervas daninhas que ainda existem nesses campos, por flores e mais flores de felicidade.
Ser fraterno, em todas as ocasiões, é vestir-se com este que é um dos mais belos trajes da alma: a educação.
Redação do Momento Espírita,
com base em conto de autoria desconhecida.
Em 14.06.2011.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

A insustentável certeza de envelhecer
Aldir Therezinha Carvalho

Ao completarmos 65 anos somos considerados “oficialmente” idosos e, ao que tudo indica, entramos na faixa da “terceira idade”. Este termo surgiu no final dos anos 60, na França, para expressar novo padrões de uma geração que envelhece ativamente, tentando mudar a idéia até então cultivada de que o velho tende a ser inútil e deixado de lado.

Com quantos anos alcançamos a quarta idade? Eis uma dúvida. O tempo passa rápido e rasteiro e não percebemos exatamente quando escalamos os degraus que dividem nossa trajetória de vida. Quando jovens, não pensamos no envelhecimento: basta viver plenamente, usufruindo o vigor físico e buscando nossos sonhos.

Vivemos num país que até há pouco tempo era considerado um país de jovens. Mas isto está mudando devido a vários fatores. E, vivendo mais, os idosos passam a representar uma importante parcela dentro da sociedade e não podem mais ser ignorados enquanto participantes da vida coletiva.

Entretanto, a realidade mostra uma grande maioria de brasileiros chegando ao final da vida sem proteção, sofrendo grande discriminação e em muitos casos acabam em asilos, abandonados por seus familiares.

De uma forma geral, é imposto ao idoso um lugar de desajuste, de inutilidade. O corpo também cria obstáculos nem sempre contornados. Mesmo que se cuide da saúde, o futuro é incerto e não se pode evitar a preocupação com a perda da capacidade de agir, de ser independente. Fundamental é manter a auto-estima elevada e sempre verificar se não estamos sendo rabugentos, impacientes e intolerantes.

Dentro do que faz crer nossa cultura, o desrespeito e a falta de consideração com os velhos é algo arraigado desde muito tempo. Hoje em dia, sentimos a necessidade de uma mudança para que possamos nos manter ativos e em boa forma em todas as idades.

O que fazer para viver bem nessa fase em que se chega sem a menor preparação? O que fazer para enfrentar os sinais de mudança que causam sérios obstáculos para um viver ativo e saudável? Como uma pessoa em idade avançada pode viver bem quando é desrespeitada, mesmo em suas famílias, onde, não raro, é considerada um empecilho?

­­­­­­Envelhecer não é uma das melhores coisas da vida, mas não há como se evitar, a não ser que se morra cedo e isso ninguém quer. O que se deve fazer é procurar manter a saúde da mente e do corpo. Para tanto, dizem os especialistas no assunto, o exercício físico é uma das melhores maneiras para se conservar sempre bem. Também se deve procurar manter uma alimentação saudável, sem calorias, rica em vitaminas e proteínas.

Importante para as pessoas na terceira idade é deixar o ócio, procurando atividades que dêem prazer e que nos mantenham ativos. Se cuidar dos netos for motivo de prazer, tudo bem; mas não podemos deixar que essa ocupação nos prive de outras que possam nos agradar mais.

Não devemos viver só de lembranças, pensando que somente em nossa época de jovens a vida era melhor. Tudo tem seu tempo certo. Os costumes mudam e as novas gerações trazem novas atitudes que devemos nos esforçar para entender e assim nos atualizarmos. O que passou, passou, e não se pode mesmo voltar atrás no tempo. O que fizemos representa experiências que acumulamos no decorrer de nossas vidas. Boas ou más? Não importa, foi o nosso trajeto.

Podemos observar que nesses últimos tempos foram tomadas algumas providências que procuram ajudar o velho. Entre elas, penso na importância que as Universidades para a Terceira Idade têm para aqueles que estão procurando viver com mais criatividade e dinamismo. Os cursos oferecem meios de atualização em diversos campos do conhecimento, além da convivência com pessoas na mesma faixa etária que também buscam fugir do ócio e de uma rotina cansativa.

Acredito que todos desejam viver bem, sempre. Por isso, devemos acreditar que as dificuldades relativas ao envelhecimento poderão ser contornadas. Saber envelhecer sem se sentir infeliz e sem fazer os outros infelizes é uma tarefa muito difícil. Depende de muitos fatores, muitos deles independentes de nossa própria vontade.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

MEDITAÇÃO E AMOR

"Toda a vida é feita de polaridades: positivo e negativo, nascimento e morte, homem e mulher, dia e noite, verão e inverno. Toda a vida consiste em opostos polares. Mas esses opostos não são apenas polares, são também complementares. Eles se ajudam um ao outro, dão apoio um ao outro.

Eles são como tijolos que formam uma arcada. Os tijolos de uma arcada têm que ser colocados uns contra os outros. Parecem estar um contra o outro, mas é por meio da oposição deles que a arcada é construída, que ela permanece firme. A resistência da arcada depende da polaridade dos tijolos colocados em oposição uns aos outros.

Esta é a polaridade máxima: meditação significa a arte de estar sozinho e amor significa a arte de estar junto. A pessoa completa é aquela que conhece ambas as artes e é capaz de se mover de uma para a outra com a maior facilidade possível. E exatamente como a inspiração e a expiração - não há dificuldade. Elas são opostas - quando vocês inspiram o ar, é um processo; quando expiram o processo é exatamente o oposto. No entanto, inspiração e expiração formam uma respiração completa.

Na meditação, vocês inspiram; no amor, expiram. Com o amor e a meditação juntos, sua respiração estará completa, inteira, total.

Durante séculos, as religiões tentaram atingir um pólo com a exclusão do outro. Existem religiões de meditação como, por exemplo, o jainismo e o budismo - são religiões meditativas, estão enraizadas na meditação. E existem religiões bhakti, religiões de devoção: o sufismo, o hassidismo - que estão enraizadas no amor. A religião baseada no amor precisa de Deus como o 'outro' a quem amar, a quem rezar. Sem um Deus, a religião de amor não consegue existir, é inconcebível - vocês precisam de um objeto de amor. Porém, uma religião de meditação consegue existir sem o conceito de Deus; essa hipótese pode ser descartada. Por isso o Budismo e o Jainismo não acreditam em Deus algum. Não há necessidade de um outro. A pessoa tem apenas que saber como ficar só, como permanecer silenciosa, como ficar quieta, como estar absolutamente calma e quieta dentro de si mesma. O outro tem que ser completamente abandonado, esquecido. Por isso, essas são religiões atéias.

Quando pela primeira vez os teólogos ocidentais entraram em contato com as literaturas budistas e jainistas, eles ficaram bastante confusos: como chamar de religião a essas filosofias atéias? Poderiam ser chamadas de filosofias, mas como chamá-las de religião? Isso era inconcebível para os teólogos, pois as tradições judaico e cristã consideram que, para alguém ser religioso, Deus é a hipótese mais fundamental. A pessoa religiosa é aquela temente a Deus, mas os budistas e jainistas dizem que não existe Deus; Assim a questão de temer a Deus não existe.

No Ocidente, durante milhares de anos, pensava-se que a pessoa que não acreditava em Deus era um ateu, não era uma pessoa religiosa. Mas Buda era ateu e religioso. Essa idéia soava muito estranha para os ocidentais porque eles nem sequer imaginavam que existiam religiões que tinha como base a meditação.

E o mesmo é verdadeiro para os seguidores de Buda e Mahavira. Eles riem da tolice das outras religiões que acreditam em Deus, porque essa idéia como um todo é absurda. É apenas fantasia, imaginação, nada mais; é uma projeção. Mas para mim, ambas são, ao mesmo tempo, verdadeiras.

Minha compreensão não está baseada em um único polo; minha compreensão é fluida. Eu saboreei a verdade de ambos os lados: eu amei totalmente e meditei totalmente. Esta é a minha experiência: a de que uma pessoa está completa só quando conhece os dois polos. Senão, ela é apenas uma metade; algo fica faltando nela.

Buda é uma metade - Jesus também. Jesus conhecia o que é o amor, Buda conhecia o que é a meditação; mas, se eles se encontrassem, seriam impossível se comunicarem entre si. Um não compreenderia a linguagem do outro. Jesus falaria sobre o reino de Deus e Buda começaria a rir: 'Que absurdo é esse que você está dizendo? O reino de Deus?' Buda diria apenas: 'Cessação do eu, desaparecimento do eu'. E Jesus: 'Desaparecimento do eu? Cessação do eu? Isso é cometer suicídio, o suicídio máximo. Que espécie de religião é essa? Fale do Eu Supremo!'

Um não entenderia as palavras do outro. Se alguma vez eles tivessem se encontrado, precisariam de um homem como eu como intérprete; caso contrário não haveria comunicação entre eles. Eu teria de interpretar de tal maneira que acabaria sendo infiel a ambos! Jesus falaria em 'reino de Deus', que eu traduziria por 'nirvana' - então Buda poderia entender. Buda diria 'nirvana' e, para Jesus, eu diria 'reino de Deus' - então ele poderia compreender.

Agora a humanidade precisa de uma visão total. Nós já vivemos com visões parciais por muito tempo. Essa foi uma necessidade do passado, mas agora o homem amadureceu. Os meus sannyasins têm de provar que podem meditar e rezar ao mesmo tempo; que podem meditar e amar ao mesmo tempo; que podem estar tão silenciosos quanto possível e que podem celebrar e dançar tanto quanto possível. Seu silêncio tem de se tornar a sua celebração, e sua celebração tem que se tornar o seu silêncio. Eu lhes dei a tarefa mais difícil que já foi dada a um discípulo, porque esse é o encontro dos opostos.

E nesse encontro, todos os outros opostos vão se fundir e tornar-se um: Oriente e Ocidente, homem e mulher, matéria e consciência, este mundo e o outro mundo, vida e morte. Todos os opostos vão se encontrar e fundir-se por meio desse encontro, pois essa é a polaridade máxima; ela contém todas as polaridades.

Esse encontro criará um novo ser humano - Zorba, o Buda. Esse é o nome que eu dou ao novo homem. E cada um dos meus sannyasins precisa fazer todos os esforços possíveis para se transformar nessa liquidez, nesse fluxo, de modo que os dois polos façam parte deles.

Assim, vocês terão sentido o gosto da totalidade. E conhecer a totalidade é o único meio para se conhecer o que é o sagrado. Não há outro meio"

OSHO, Autobiografia de um Místico Espiritualmente Incorreto

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Não abandonem seus velhos.
Olhem para trás e vão ver  O IDOSO(a), O VELHO(a)...seu pai/mãe, seu avô/avó.
Olhem para frente e verá VOCÊ.
Cuidado com o exemplo que dá ao seu filho.
Atenção ao idoso

Dona Marlene era uma senhora alegre, ativa, independente e muito lúcida. Aos oitenta anos, apresentava algumas limitações físicas compatíveis com a idade.
As dores articulares, provocadas pelo desgaste natural e consequente artrose, a incomodavam diariamente, mas nada que lhe diminuísse o entusiasmo.
Vibrava com cada conquista pessoal e profissional dos filhos e netos. Novos empreendimentos, cursos, especializações, casamentos, uma nova gravidez na família. Tudo era motivo para seus olhos brilharem de alegria.
Morava com uma das filhas e sua casa era muito bem cuidada. Sempre limpa, arrumada, arejada e repleta de porta-retratos, onde cada fotografia contava uma história.
Certo dia, durante uma caminhada de rotina, a senhora sofreu uma queda que resultou em uma fratura articular, necessitando ser submetida a cirurgia
Após a alta hospitalar, por recomendação médica, ela precisaria ficar um período em repouso, pois levaria algum tempo para voltar a caminhar com independência.
Os filhos acharam que a melhor solução seria encaminhá-la a uma Casa de Apoio para Idosos. A justificativa era de que ela necessitava de cuidados especiais, para os quais a família não estava devidamente preparada.
Já instalada na Casa de Apoio, dona Marlene recebeu a visita de uma jovem amiga, que a encontrou acamada, totalmente dependente.
Durante a conversa, ela dizia que sentia falta da sua casa, dos objetos pessoais, da presença da família, enfim, do seu alegre cantinho.
Com o tempo, ela voltou a caminhar. Aos poucos, apesar da fragilidade física, foi se tornando novamente independente. Uma das filhas a visitava semanalmente, mas não falava em levá-la de volta ao seu lar.
Nas visitas periódicas, a amiga foi percebendo que a senhora deixara de falar em voltar para casa. Percebeu também a tristeza que lhe ia na alma.
Tinha certeza que dona Marlene não falava no assunto porque no fundo se envergonhava da situação de abandono.
Nas poucas vezes em que se referia à amada família, justificava de várias formas a dificuldade que seria se ela voltasse para casa. Dizia que a família não poderia assisti-la, pois todos tinham seus compromissos pessoais.
Em verdade, seus lábios diziam palavras que seu coração não compreendia. No lugar daquele olhar alegre e doce, antes cheio de brilho, surgiu um olhar triste, sem vida, que refletia solidão e abandono.
Não era necessário ter muita sensibilidade para perceber que, por dentro, ela morria a cada dia. Que a esperança de voltar para o seio da família ia embora e junto ia também a vontade de viver.
Passado algum tempo, devido a uma determinada complicação de saúde, tornou a ser hospitalizada. Seu organismo cansado, enfraquecido pela dor maior da solidão, não resistiu. Ela havia desistido de viver.
* * *
Algumas famílias necessitam contar com o apoio das instituições especializadas para cuidar dos seus idosos.
É uma difícil decisão e se justifica, em muitos casos.
É compreensível então, contar com tal recurso, enquanto se necessita cumprir nossos deveres profissionais e familiares.
Essa atitude não significa abandoná-los.
O importante é se fazer presente, levando amor e carinho, pois nada justifica a desatenção e o desamparo.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita.
Em 19.05.2011

domingo, 12 de junho de 2011

A arte de ser feliz
Cecília Meireles

Houve um tempo em que minha janela se abria
sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,
e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde,
e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Ás vezes, um galo canta.
Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

A CORAGEM PARA SER FELIZ
Osho

Continuamos a perder muitas coisas na Vida, só por falta de coragem.
Na verdade, nenhum esforço é necessário para conquistar. Só é preciso coragem. E as coisas começarão a vir até Você, em vez de Você ir atrás delas.
Pelo menos, no mundo interior, é assim.
E, para mim, ser feliz é a maior coragem.
Ser infeliz é uma atitude muito covarde.
Na realidade, para ser infeliz, não é preciso nada. Qualquer covarde pode ser. Qualquer tolo pode ser. Todo mundo é capaz de ser infeliz.
Para ser feliz é preciso coragem e é um risco tremendo.
Não temos o costume de pensar assim.
Nós pensamos: o que é preciso para ser feliz? Todo mundo quer ser feliz!
Isso está absolutamente errado.
É muito raro uma pessoa estar pronta para ser feliz - as pessoas investem tanto na felicidade! Elas adoram ser infelizes.
Na verdade, elas são felizes por serem infelizes.
Há muitas coisas para se entender. Sem entendê-las, é muito difícil se livrar da mania de ser infeliz. A primeira coisa é: ninguém está prendendo Você que decidiu ficar na prisão da infelicidade. Ninguém prende ninguém. O homem que está pronto para sair dela, pode sair quando quiser. Ninguém mais é responsável. Se uma pessoa é infeliz, é ela mesma a responsável. Mas a pessoa infeliz nunca aceita a responsabilidade e é por isso que continua infeliz. Ela diz: estão me fazendo infeliz.
Se outra pessoa está fazendo com que Você seja infeliz, naturalmente não há nada que Você possa fazer. Se Você mesmo está causando a sua infelicidade, alguma coisa pode ser feita. Alguma coisa pode ser feita imediatamente.
Então, ser ou não ser infeliz está nas suas mãos, todavia, as pessoas ficam jogando nos outros a responsabilidade, às vezes na mulher, às vezes no marido, às vezes na família, no condicionamento, na infância, na mãe, no pai... outras vezes na sociedade, na história, no destino, em Deus, mas não param de jogar nos outros. Os nomes são diferentes, mas o truque é sempre o mesmo.
Um homem torna-se realmente um homem, quando aceita a responsabilidade total – é responsável pelo quer que seja. Essa é a primeira forma de coragem, a maior delas. É muito difícil aceitá-la porque a mente vai continuar dizendo: se Você é responsável, porque criou isso? Para evitar isso, dizemos que os outros são responsáveis. O que eu posso fazer? Não tem jeito... sou uma vítima! Sou jogado daqui para ali por forças maiores que eu e não posso fazer nada. Posso no máximo chorar porque sou infeliz e ficar ainda mais infeliz chorando. E tudo cresce. Se Você cultiva uma coisa, ela cresce. Então Você vai cada vez mais fundo, mergulha cada vez mais fundo.
Ninguém, nenhuma outra força, está fazendo nada a Você. É Você e só Você. Isso resume toda a filosofia do karma – que é o seu fazer. Karma significa “fazer”. Você fez e pode desfazer. E não é preciso esperar, postergar. Não é preciso tempo. Você pode simplesmente pular fora disso, mas nós nos habituamos. Se pararmos de ser infelizes, nos sentiremos muito sozinhos, perderemos nossa maior companhia. A infelicidade virou nossa sombra. Nos segue por toda a parte. Quando não há ninguém por perto, pelo menos a infelicidade está ali presente. Você se casa com ela. E trata-se de um casamento muito, muito longo. Você está casado com a sua infelicidade há muitas vidas. Agora chegou a hora de se divorciar dela. Isto é o que eu chamo de a grande coragem: divorciar-se da infelicidade, perder o hábito mais antigo da mente humana, a companhia mais fiel.

quarta-feira, 8 de junho de 2011


REDAÇÃO DO CONCURSO DA VOLKSWAGEM

No processo de seleção da Volkswagen do Brasil, os candidatos deveriam responder a seguinte pergunta: 'Você tem experiência'?

A redação abaixo foi desenvolvida por um dos candidatos. Ele foi aprovado e seu texto está fazendo sucesso, e com certeza ele será sempre lembrado por sua criatividade, sua poesia, e acima de tudo por sua alma.

REDAÇÃO VENCEDORA:

Já fiz cosquinha na minha irmã pra ela parar de chorar.
Já me queimei brincando com vela.
Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto.
Já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo.
Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista.
Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora.
Já passei trote por telefone.
Já tomei banho de chuva e acabei me viciando.
Já roubei beijo.
Já confundi sentimentos.
Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido.
Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro.
Já me cortei fazendo a barba apressado.
Já chorei ouvindo música no ônibus.
Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que eram as mais difíceis de esquecer.
Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrelas.
Já subi em árvore pra roubar fruta.
Já caí da escada de bunda.
Já fiz juras eternas.
Já escrevi no muro da escola...
Já chorei sentado no chão do banheiro.
Já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante.
Já corri pra não deixar alguém chorando.
Já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só.
Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado.
Já me joguei na piscina sem vontade de voltar.
Já bebi uísque até sentir dormente os meus lábios.
Já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar.
Já senti medo do escuro, já tremi de nervoso.
Já quase morri de amor, mas renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial.
Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar.
Já apostei em correr descalço na rua,
Já gritei de felicidade,
Já roubei rosas num enorme jardim.
Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre era um 'para sempre' pela metade.
Já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol.
Já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a vida é mesmo um ir e vir sem razão.
Foram tantas coisas feitas.
Tantos momentos fotografados pelas lentes da emoção e guardados num baú, chamado coração.

E agora um formulário me interroga, me encosta na parede e grita:
'Qual sua experiência?' .
Essa pergunta ecoa no meu cérebro: experiência...experiência...
Será que ser 'plantador de sorrisos' é uma boa experiência?
Sonhos!!! Talvez eles não saibam ainda colher sonhos!

Agora gostaria de indagar uma pequena coisa para quem formulou esta pergunta: Experiência? "Quem a tem, se a todo o momento tudo se renova?"

segunda-feira, 6 de junho de 2011

                                    Idoso ou Velho
Jorge R. Nascimento

Idoso é quem tem privilégio de viver a longa vida...
Velho é quem perdeu a jovialidade.
A idade causa a degenerescência das células...
A velhice causa a degenerescência do espírito.
Você é idoso quando sonha...
Você é velho quando apenas dorme.
Você é idoso quando ainda aprende...
Você é velho quando já nem ensina.
Você é idoso quando se exercita...
Você é velho quando somente descansa.
Você é idoso quando tem planos...
Você é velho quando só tem saudades.
Você é idoso quando curte o que lhe resta da vida...
Você é velho quando, sofre o que o aproxima da morte.
Você é idoso quando indaga se vale a pena...
Você é velho quando sem pensar, responde que não.
Você é idoso quando ainda sente amor...
Você é velho quando não sente mais do que ciúmes e possessividade.
Para o idoso a vida se renova a cada dia que começa...
Para o velho a vida se acaba a cada noite que termina.
Para o idoso o dia de hoje é o primeiro do resto de sua vida...
Para o velho todos os dias parecem o último da longa jornada.
Para o idoso o calendário está repleto de amanhãs...
Para o velho o calendário só tem ontens.
Enquanto o idoso leva uma vida ativa, plena de projetos e preenche esperanças,
O velho vive horas que se arrastam, destituídas de sentido.
Enquanto o idoso tem os olhos postos no horizonte de onde o sol desponta,
O velho tem a sua miopia voltada para as sombras do passado.
Enquanto as rugas do idoso são bonitas porque foram sulcadas pelo sorriso,
As rugas do velho são feias porque foram vincadas pela amargura.
Enquanto o rosto do idoso se ilumina de esperança.,
O rosto do velho se apaga de desânimo.
Idoso ou velho podem ter a mesma idade cronológica, mas têm idades diferentes no coração!

(Extraído do Livro "Aprenda a Curtir Seus Anos Dourados", de Jorge R. Nascimento).